terça-feira, 26 de março de 2013

Seres Maquiados



Eu não queria ser assim
Mas sou assim e daí?
Aliás
Não sou assim e daí?
Não sou descolada
Debochada
Desbocada
Nem santa
Anta ou lá pelas tantas
Não sei mentir
Fingir
Induzir
E nessa frase está toda a mentira
Fingimento e indução
Às vezes preciso morrer
Sofrer
Querer
Para sentir
Pedir
Repetir repetir repetir
Amar
Sonhar e me dar
Sou eu num mundo de seres maquiados
Sem nome
Sem fome
Que me consome
Transparências fúteis num mundo de máscaras
Sem trajes para a festa
Frases bestas e injustificáveis
Sem sono
Sem dono
Me abandono
Sem medo
Cedo
Dedos
Só vocês me restaram
Mulher
Que quer
Se der
Ser feliz
Sem ter que ser sua atriz
Todos encenam um papel
O que lhes convém e trocam quando cansam
E todos se derretem e se divertem
Sou eu desde que nasci
E percebi que as pessoas se enjoam
Não te esperam, simplesmente dançam
A meiga
A doce
A aprendiz
A ninfomaníaca
Safada
Meretriz
A menina
Linda
Ingênua
A vagabunda nojenta e enferma
Doente de amor
Dor
dor
                                                                                  dor
Espinhos na flor
Quantas rimas bregas
Será que é isso que sou? Brega?
Procuro identidades e só vejo a mim
Mas sozinha sou tão pouco
Perante uma infinidade de seres multifaces
Quem sou eu nessa multidão
Brigando sozinha
Enquanto todos são mais de um
E eu sou eu
Na minha ridicularidade e realismo
Amo os otimistas
Detesto os pessimistas e tenho nojo dos realistas
Cadê os sonhos?
Tenho nojo de mim
Quanto exagero
Em frases bestas
Com falta de sono e expectativas de amanhã
De sonhos, medo, insegurança
Quanta poetagem e bla bla bla bla bla
Cantigas de ninar
Chama o boi, a cara preta
A careta e deixa a menina
Que eu cuido bem dela
Sem lágrimas
Até que enfim o papel está seco

26/06/2006 – 23:05h.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Delirando



Já é de manhã e tarde demais para qualquer tentativa
Preciso aceitar meu cansaço
O peso da dor nas minhas pálpebras
O gosto amargo nos meus e nos seus lábios
O corpo sedento de amor
A mente atormentada
Sentindo na pele a falta que faz o teu calor pesando sobre mim
Como eu queria te sentir
Tocar cada centímetro da pele descoberta e descobrir a minha
Num instante mágico
Em que nossos olhos se cruzam e se perseguem
Em que as mãos suam e tremem
Em que a boca seca
O coração pulsa frenético
As pernas se aquecem
As línguas se procuram e surge a necessidade do aperto
Do atrito, dos movimentos intensos
Da respiração, gemidos insanos e finalmente a plenitude
Mas o sol teima em nascer, anunciar um novo dia e desfazer minhas esperanças
Agora já não sinto mais o calor que emana do teu beijo
Não senti você pesar
sobre mim
Muito menos a sua e a minha pele ficaram nuas
Não se tocaram
Nossos olhos se fecharam, mas não houve tempo para devaneios
Nem para vestígios de sonhos
Meus dedos estão sozinhos
O coração aquietou-se e chora
Triste e faminto
As pernas esfriaram
As línguas pronunciaram o até mais, na esperança de ser breve
Não houve aperto, atrito, movimentos
Nem plenitude
Nada além de todos meus desejos
Ainda |p|r|e|s|o|s| e não satisfeitos
Delirando e esperando
Ansiosos
O instante de estarperto
Por dentro de você e assim poder sentir
Seu amor que tanta falta me faz

31.03.06 - 09:30

terça-feira, 5 de março de 2013

Doces Momentos


Não há razão para me envolver
Eu sabia desde o começo
Mas não aprendi a controlar
Seduzida fui e não me arrependo
Tenho doces momentos para lembrar
Pude rir, sentir, tocar.
Olhar, beijar, fingir.
Respirar o teu ar ofegante
Ver teus cabelos negros
Atrapalhar-te
Ouvir teu coração bater
Ao descansar nos teus braços
Logo após me entregar
Provei dos teus lábios
E fui provada por eles
Ouvi tuas gargalhadas
E percebi teu nervosismo
Da mesma forma
Que nervosa estava
Nos olhamos por longos instantes
Até o rubor nos subir a face
E desviar nossos olhares
Nos beijamos por longos instantes
Até os desejos se tornarem incontroláveis
E as bocas
Buscarem algo além dos beijos
Sentimos por longos instantes
Até o tempo me castigar
E afastar meu corpo          do seu
O que dói é saber que foi definitivo
E que não mais serei sua garotinha
Talvez nunca mais veja
Seus olhos debochados
Sinta sua língua no meu pescoço
Ou suas mãos
A procurarem insistentes
Quem sabe não mais
Me entorpeça com seu suor
Ou possa apenas sorrir
Ao te ouvir falar
Frases únicas
Suas
Incríveis
Talvez nunca mais
Veja suas expressões
Que tanto me fascinaram
Não entre no seu carro
Na sua casa
Ou no seu quarto
Não deite na sua cama
Desvende seus mistérios
Não descubra seus segredos
Arranque seus medos
Vergonhas
E receios
Não entenda sua mente
Morda sua barriga
                                                     Querendo d
                                                                           e
                                                s
                        c
e
r meus dentes
Não te faça ter arrepios
Nem te provoque tesão
Não brinque com as cadeiras
Ou ouça músicas
Que eternizaram você
E nem faça um strip tease
Não consiga fazer-te amor
Completamente
E não beba cuba libre
Com muito mais vodka que gelo
Não fique quente
Ou vá as nuvens
Com o frescor da bala de menta
E o seu hálito
Ou seja jogada contra a parede
E sinta suas pernas
Engolindo as minhas
Talvez nada mais aconteça
E confesso que não espero
Não houve razão para me envolver
Eu sabia desde o começo
Mas não aprendi a controlar
Seduzida fui e não me arrependo
Tenho doces momentos para lembrar

27/11/2005