sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Julgamento

Sei que não mereço o céu
Quem sabe haja um lugar no inferno
Fico bem de vermelho
Gosto do calor
De pecado
E de fogo
Glorifico os prazeres da carne
Sigo instintos
E me engano por eles
Toda minha vida é um erro
Sempre sou a exceção
De qualquer regra
Algumas por teimosia
Outras me foram impostas
Outras ainda porque sou má
E pura
E perversa
Machuco inocentes
Para ferir os culpados
Resolver meus tormentos
Justifico meus atos covardes
E insanos
Pedindo desculpas esfarrapadas
Tentando uma purificação
Inútil
Porque há uma justiça
Da qual não posso me esconder
Onde não há mentiras
Ou omissões
Onde estou nua
Quebrando máscaras
E ilusões
Onde apontarão o dedo na minha cara
Serei a ré confessa
Fingindo sofrer
Ou na verdade sofrendo
Por fazer doer
E que eu me dane
Porque não mereço compaixão
Ou defesa
Fiz
E não tenho dignidade de assumir
Ou me arrepender
Me escondo
Mas meus olhos me condenam
E o que sangra por dentro
É olhar nos olhos dela
E sentir arrepios de amor
E saber que o desperdicei
Que joguei fora a única pessoa
Que me ama completamente
Sem cobranças
E creio eu que sem mentiras
Não passo de uma egoísta
Deveria deixá-la ir
Encontrar alguém que a mereça
E a faça feliz
Como nunca farei
Não consigo mudar
Sou podre
E daí?
Ela não tem nada a ver com isso
E não precisa pagar pelos meus erros
Mas não tenho coragem
E sei que se perdê-la
Nesse momento
Perco as estruturas
Estaria a um passo da loucura
Se já não sou louca
Ou loba
Em pele de cordeiro
Que Deus a faça me esquecer
E a tire de mim sem que eu possa escolher
Porque até pra isso
Sou fraca demais


26/07/2006 – 09:17h.

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