sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ilusão



Abra-te para mim
Porque todos os significados estão em ser transparente
Dizer aos olhos para não se iludir
Enxergar no verde o cheiro de mato e não inventar uma cor inexistente
Não mentir para si mesmo
Se permitir conhecer todas as virtudes e defeitos
De quem está ao seu lado
Ouse ser você
Ser emocional, carente
Ouse dizer palavrão
Ser grosso ou elegante
Em momentos não tão propícios
Ouse não dizer amém
E sim, eu não concordo
Por mais que pareça óbvio
Por mais que seja inútil
Por mais que você não conheça
Siga instintos
Somos puramente isso
O resto é invenção
Histórias fantasiadas de gnomos de terno
Duendes vendados, ausentes nos vôos
Sem passagem
Ouse não andar na moda
Porque prefere vestir o que gosta
Ouse não ter ambição
Porque sabe que o dinheiro é uma erva daninha e serve para te deixar livre
Liberte-se dele
Dos custos, dos preços
Da conta poupança
Tente não querer ser rico e aprenda a riqueza de ser gentil
Sincero e compreensivo
Ouse não ter religião
Porque aprendeu que ela não é sinônimo de fé ou de Deus
E saiba que Deus é bem maior do que historinhas
Vantagens, homens santos ou credos
Maior do que o dízimo ou a caridade premeditada
E Ele não é um carrasco, é um aconchego
Ouse brigar
Aos
GRITOS
Aos murros
Porque ser feliz
Às vezes
Requer hematomas, coragem e verdade
Sofra ao errar, mas não se crucifique
Apenas tente não fazer de novo
E se fizer, chore
Você ainda está imperfeito demais
Ouse q / u / e / b / r / a / r regras
Seja qual for
Quando ela te proibir de se emocionar
Abrace o hippie que trança seu cabelo
Ouse querer entendê-lo
Ou perca a oportunidade e lamente
É divino ter uma mochila nas costas e o mundo pela frente
O que preocupa é só o frio
Ouse amar
Enquanto muitos não te conhecem
Não te entendem, não te afagam
Mas ame
É lindo acordar com o coração preenchido
Um amor sem imagem pré-definida
Sem padrão, coerência
Pré-conceito
Pois o sublime de conhecer a Deus
A fé e o amor
É saber entender seus princípios
Suas verdades
Suas certezas
E acreditar em alguém maior
Em um lugar melhor para se viver e em relacionamentos duradouros
Seja livre
Não arraste sua carcaça pela vida
Desfile e não se incomode
As pessoas já se incomodam por você
Num mundo de seres maquiados
Vá a festas fantasiado
Solte seus bichos
Se iluda
Mas quando acabar a noite
Perceba que é melhor que isso
Pelo que é simplesmente
Sem rímel
Gloss e salto alto
Mas despenteada e com remela nos olhos
Porque ela ainda me diz que estou linda
Isso sim é transparência e amor


11.09.06 - 00:06h

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Boneca de Louça


Uma boneca de louça olhando fixamente para o espelho
A boca rosada
Delineada
Olhos com olheiras verdes
E nariz de borracha
Ela será uma pintura?
Será um desenho?
Será uma fada?
Ela se quebra ao me / io
O espelho se que / bra
Parece comigo
Olhar                    distante
Longe desse meu mundo
Torpe
Torto
Sóbrio e vazio
Quer um beijo
Quer diferente
Quer agora
Me engole
Me mastiga
Me ra / s / ga ao meio e cospe
Ela dorme
E a imagem ainda reflete
Ela sonha
Mas acorda
Os gritos a acordam
O cheiro fétido a acorda
O homem idiota a acorda
E ela se altera
Quer morrer
Ir além
Do chão de pedra sabão
Do colchão azul que lhe entorta as costas
Que doe os ombros
Que a tiram da ilusão de ser triste
Ou feliz
Ou amarelo
Ou rosa choque e bolhas
Ela quer mais
Quer comer
Devorar
Se entupir
Ela precisa partir do próprio corpo
E vê no amor um espírito
E tem medo de amá-lo
De encostar em seus lábios e ter a alma sugada
Para qualquer lugar que não seja esse
Que não tenha pecado
Que nada seja proibido e sujo e podre e medíocre e te leve ao inferno
Prazer senhor demônio de mim
De cheiro forte de mato queimado
De arranhar a minha garganta
Enlouquecer-me porque você simplesmente me possui
E eu não quero mais
Não posso mais
Preciso me dominar
Saber de mim
Iludir
Iludir
Iludir e me desiludir
E ferir
Te ferir
Nos ferir
Porque não sei o que significa um não
E não
Para mim não quer dizer nada
Parar
Agora
Já estou sufocada
Sem ar
Saudosa
Tonta
Não há mais sentido em ser assim
Louca
Mas também
Qual o sentido de ser sã?
Nesse mundo maldito
E lindo
Prazer senhor demônio
Mas agora me deixa aqui
Sozinha
Olhando essa foto e essas bocas e essas caras felizes
E lembrar desse dia
E querer que ele volte
E querer rever as coisas passadas em brancas nuvens doces de algodão doce
E me amassar no banheiro
E sentir ela me amassar no chuveiro
No sofá
No pensamento
E a mão sedenta de corpo para apertar
E morder os dedos
E ter ciúme de imagens mais bonitas que eu
Tenha piedade
Coragem para morrer ou matar
Ou me acabar em momentos de viagens longas e sem sentido
Em verdades existentes apenas na minha mente
Ou verdades mentirosas que insistem em contar sobre mim
Não sou tão boa assim
Nem tão asquerosa
Sou apenas fácil e sentimental
Sou apenas falta de nexo e sexo todos os dias
Agora
A partir de hoje
A partir da música mais doida que eu
Mais rouca
Mais alta
Mais fluente
Acabou
Minhas palavras
E frases chatas
Decadentes
Infantis
Inúteis
E cansadas
E sonolentas
E necessárias para mais esse dia
Em que escrevo
E acho que isso tudo é algo de dentro de mim
Mas escrever não é nada que me contenha
Ou que me impeça
Apenas me alegra
Dedos
Frenéticos dedos
Tempo
Não tenho mais tempo
Amanhã o dia amanhece mais cedo
E hoje a noite ainda vai ser longa
Eu brigando com meus pesadelos
Boa noite demônio
Até qualquer dia desses
Mas repito
Foi um prazer incomparável conhecê-lo


 04.09.2006 - 21:27h

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Retorno

Eu devia não querer
Mas você banugça a minha vida
Cheiro na minha pele
Quente e suada
Lábios macios e rápidos de serem sentidos
Esses olhos que me atormentam
Esse corpo que me chama
Esse jeito que me engana
Sempre
Eu queria não querer
Mas você está bonito demais
E não quer me deixar sozinha
E ao mesmo tempo se vai
Sem perguntar se pode
Se eu vou sofrer
Se eu quero que fique
Sem olhar para trás
Deveria ser simples
E é
Quando você não está aqui
Porque quando chega tudo muda?
Porque me abraça
E se encosta em mim?
Porque tremo?
Que acabe
Eu só quero que acabe
Preciso que saia
E se eu não quiser
E não tiver forças para isso
Faça você
Que sempre soube ouvir a razão
Me esquece e some
Eu imploro
Ausência


30/07/2006

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Julgamento

Sei que não mereço o céu
Quem sabe haja um lugar no inferno
Fico bem de vermelho
Gosto do calor
De pecado
E de fogo
Glorifico os prazeres da carne
Sigo instintos
E me engano por eles
Toda minha vida é um erro
Sempre sou a exceção
De qualquer regra
Algumas por teimosia
Outras me foram impostas
Outras ainda porque sou má
E pura
E perversa
Machuco inocentes
Para ferir os culpados
Resolver meus tormentos
Justifico meus atos covardes
E insanos
Pedindo desculpas esfarrapadas
Tentando uma purificação
Inútil
Porque há uma justiça
Da qual não posso me esconder
Onde não há mentiras
Ou omissões
Onde estou nua
Quebrando máscaras
E ilusões
Onde apontarão o dedo na minha cara
Serei a ré confessa
Fingindo sofrer
Ou na verdade sofrendo
Por fazer doer
E que eu me dane
Porque não mereço compaixão
Ou defesa
Fiz
E não tenho dignidade de assumir
Ou me arrepender
Me escondo
Mas meus olhos me condenam
E o que sangra por dentro
É olhar nos olhos dela
E sentir arrepios de amor
E saber que o desperdicei
Que joguei fora a única pessoa
Que me ama completamente
Sem cobranças
E creio eu que sem mentiras
Não passo de uma egoísta
Deveria deixá-la ir
Encontrar alguém que a mereça
E a faça feliz
Como nunca farei
Não consigo mudar
Sou podre
E daí?
Ela não tem nada a ver com isso
E não precisa pagar pelos meus erros
Mas não tenho coragem
E sei que se perdê-la
Nesse momento
Perco as estruturas
Estaria a um passo da loucura
Se já não sou louca
Ou loba
Em pele de cordeiro
Que Deus a faça me esquecer
E a tire de mim sem que eu possa escolher
Porque até pra isso
Sou fraca demais


26/07/2006 – 09:17h.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Estrela Cadente

Pessoas como você
São difíceis de esquecer
Emocionantes de lembrar
Arrepios ao ouvir
E sem meios para entender
Me preenchem
Me iluminam
Me perturbam
Mas me ressuscitam
Agradecer é o mínimo
Pelas lágrimas que me saltaram dos olhos
E me fizeram reviver
Tudo
E nada mais
Pena que foi rápido
Como estrela cadente
Que se deve olhar rapidamente
Captar sua luz
Sentir seu calor
Olhar a sua beleza
E deixá-la guardada em algum lugar bonito
Nas recordações
Com pressa ela se vai
E só resta saudade
Saudade do medo
Dos fios
Dos instintos
Da falta de raciocínio
E do excesso de “ridicularidade
Saudade de você
E de tudo de bom
Que rememorar me traz
Sim
Você foi especial
Talvez ainda seja
Ou será
Não prevejo o futuro
Mas o passado existe
E lá estamos juntas


13/07/2006

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Lágrimas


Ela me disse uma vez que não chorava
Eu me preocupo com quem não chora
Reprimir dói duas vezes
E às vezes nunca pára de doer
E eu a amo
Não queria que doesse nela
L
Á
G
R
I
M
A
S
são feitas para cair
Querem ser livres
Precisam saltar os olhos
Se |p|r|e|s|a|s|
Transbordam em mágoas
E não te deixam esquecer
O porquê elas estão ali
Deixe-as ir
Dê liberdade a elas para falar
Deixe-as morrer
Nos seus lábios
No seu decote
Ou nos ombros de alguém
Serve lenço também
Não as segure
E não as subestime
Lágrimas sangram
E ferem
Sujam a alma
E eu estou aqui
Ouvidos para te escutar
Ombro para você se apoiar
Braços para te abraçar
Colo para você descansar
E a boca seca
Quem sabe pela falta
Das tuas lágrimas

29.06.06 - 13:22h

terça-feira, 26 de março de 2013

Seres Maquiados



Eu não queria ser assim
Mas sou assim e daí?
Aliás
Não sou assim e daí?
Não sou descolada
Debochada
Desbocada
Nem santa
Anta ou lá pelas tantas
Não sei mentir
Fingir
Induzir
E nessa frase está toda a mentira
Fingimento e indução
Às vezes preciso morrer
Sofrer
Querer
Para sentir
Pedir
Repetir repetir repetir
Amar
Sonhar e me dar
Sou eu num mundo de seres maquiados
Sem nome
Sem fome
Que me consome
Transparências fúteis num mundo de máscaras
Sem trajes para a festa
Frases bestas e injustificáveis
Sem sono
Sem dono
Me abandono
Sem medo
Cedo
Dedos
Só vocês me restaram
Mulher
Que quer
Se der
Ser feliz
Sem ter que ser sua atriz
Todos encenam um papel
O que lhes convém e trocam quando cansam
E todos se derretem e se divertem
Sou eu desde que nasci
E percebi que as pessoas se enjoam
Não te esperam, simplesmente dançam
A meiga
A doce
A aprendiz
A ninfomaníaca
Safada
Meretriz
A menina
Linda
Ingênua
A vagabunda nojenta e enferma
Doente de amor
Dor
dor
                                                                                  dor
Espinhos na flor
Quantas rimas bregas
Será que é isso que sou? Brega?
Procuro identidades e só vejo a mim
Mas sozinha sou tão pouco
Perante uma infinidade de seres multifaces
Quem sou eu nessa multidão
Brigando sozinha
Enquanto todos são mais de um
E eu sou eu
Na minha ridicularidade e realismo
Amo os otimistas
Detesto os pessimistas e tenho nojo dos realistas
Cadê os sonhos?
Tenho nojo de mim
Quanto exagero
Em frases bestas
Com falta de sono e expectativas de amanhã
De sonhos, medo, insegurança
Quanta poetagem e bla bla bla bla bla
Cantigas de ninar
Chama o boi, a cara preta
A careta e deixa a menina
Que eu cuido bem dela
Sem lágrimas
Até que enfim o papel está seco

26/06/2006 – 23:05h.